PDSML RV 2018 - S01E05


Unova Nacrene City Map.png
Temporada 01 - Episódio 05: "Maybe I got mine, but you'll all get yours" | Localização: Nacrene City

Um grito esganiçado invadiu a cidade na tarde anterior. Seu autor, Matheus, foi confrontado com uma cena de um filme de terror a qual não imaginou que pudesse se concretizar. Bruna e Otávio ficaram sem entender nada, porém, não podiam fazer muita coisa senão carregá-lo para longe daquele local, pois seu amigo havia entrado em intenso estado de apatia. Além dele, a jovem jornalista Marília aparenta saber mais do que deseja contar por ora. Após deixarem o museu, agora cena de crime, os viajantes de Nuvema Town buscam não apenas restaurar a sanidade do companheiro, mas também obter respostas.
De acordo com Marília, o museu fora encontrado por eles trancado, entretanto, Matheus tinha uma chave reserva consigo e entrou pelos fundos junto com a mesma. No entanto, a polícia entrara na construção no dia anterior. Algo estava cheirando mal, todavia, existia coisa alguma que podiam fazer. Encontravam-se impotentes e não podiam atropelar as coisas.
Justamente por ter feito um barulho tão alto que havia o receio de serem ligados ao suposto crime que ocorrera ali. Tomaram um caminho mais longo, entre construções largas e árvores, até os fundos do Centro Pokémon, tudo para não serem vistos carregando-o. Não era questão de proteger a si mesmos, encobrirem álibis ou coisa do tipo, sim sobrevivência do grupo, afinal, não faziam ideia em que estavam pisando.
Igualmente, não sabiam se podiam confiar nas informações de Marília, tampouco sabiam de verdade quem era Matheus Castillo, seria ele de fato filho da ex-líder desaparecida de Nacrene? Na entrada dos dormitórios, trombaram com dois ou três treinadores, isso provavelmente não seria um problema, desde que esses não ligassem os pontos.
Assim que chegaram, deitaram o garoto em sua cama. Bruna até checou seu pulso, já que esse não respondia a estímulos de voz, movimento ou toque. Seu corpo estava funcionando "dentro dos conformes", mas era como se sua mente tivesse desligado contato com o mundo exterior.
— O que vamos fazer? A gente precisa levá-lo para um hospital.
— Bruna, do jeito que ele gritou, a cidade inteira escutou. Vão descobrir que nós estávamos onde não devíamos. Quer dizer, isso se a Marília tiver dizendo a verdade. — Nesse meio tempo, a coordenadora já havia digitado, desesperada, à repórter.
— E vai deixar o coitado desse jeito? Tem que ter algum jeito.
— Eu posso ligar para minha mãe... Mas ela iria surtar, com certeza.
— Ele parece que tá preso, vegetando. Por favor, liga pra ela.
— Tive uma ideia. Fica de olho nele, me dá sua chave rapidinho? Prometo que se não der certo a gente procura um médico.de verdade.
— Certo, mas para que quer a chave?
— Confie em mim. — Bruna assentiu, e retirou uma chave prata do bolso.
Otávio logo mais retornaria ao local. O corredor, vazio, ficou apertado com o treinador carregando, cauteloso, o colchão do quarto da parceira junto de sua roupa de cama. Os aposentos de Matheus não eram muito espaçosos também, entretanto, mais que o suficiente para concretizar o tal plano miraculoso.
— Me desculpe por mexer em suas coisas. Tranquei seu quarto, mas hoje vamos precisar dormir aqui. Vou no meu quarto pegar minhas coisas também, certo? — Em resposta, a garota assentiu, com certo nó na garganta. O outro tornou quase tão rápido como da primeira vez, acomodando seus pertences no cubículo.
Marília não respondia as mensagens.
— Só para ter certeza. Seu Snivy sabe usar Sweet Scent?
— Uhum, por qu... — Bruna findaria sua frase, mas deu-se conta do plano do companheiro. Engenhoso, contudo, havia dúvidas de seu potencial de sucesso.
— Perfeito. Vou no banheiro rapidinho cuidar disso. É a ultima vez que te deixo sozinha, prometo.
Quando regressou, trouxe duas toalhas de mão e uma garrafa com água da torneira. Botou tudo na cômoda ao lado da cabeceira da cama.
— Acho que podemos começar. Pela sua cara, já sabe o que quero fazer, né?
— Só espero que esteja certo.
O loiro suspirou. — Perdi o controle da situação há muito tempo. — Desviou o olhar. — É estranho pensar que uma das pessoas mais inteligentes de Unova, senão a mais, pode não estar mais entre nós. — Veio a engolir seco. — Ela vivia visitando o laboratório, sabe? — Bruna não imaginava, só que enquanto esteve em Kanto, seu amigo desenvolveu ligação profunda com os estudos, e Lenora tinha sua afetiva parcela de responsabilidade nesse incentivo. — Não éramos uma família nem nada, mas é muito estranho parar pra pensar nisso. — No fim das contas, não queria demonstrar o ligeiro desconforto pelo que passava com a cogitação de uma tragédia envolvendo a diretora do museu.
— Não seja tão pessimista. Eu ainda acredito que vamos encontrá-la, para não falar do marido dela, que também sumiu.
— Você está certa. Por partes então. — Com olhos cerrados, arraigou um sorriso tímido na face. — Vamos usar Snivy para dopá-lo com Sweet Scent. Quem sabe se quando ele acordar ele não esteja melhor. É só uma teoria. Ah, vamos usar isso. — Derramou água sobre as toalhas, entregando uma encharcada para Bruna e ficando com a outra, úmida do mesmo modo. — Não podemos dormir desse jeito, né?—
— Só estava esperando por isso. Snivy, saia! Use o Sweet Scent. Só pare quando eu disser, ou Matheus fechar os olhos!
"Eu só queria dormir..."
A criaturinha sorriu com orgulho nas popilas de serpente. Rapidamente, o ambiente se empesteou com sua fragrância doce e reconfortante. O pano molhado nos rostos dos demais impedia que o efeito dopasse-os também. Metades de minuto iam se passando e as esperanças da coordenadora diminuíam no processo, até que na contagem de cento e quarenta e três, as pálpebras do rapaz se fecharam. "Deu certo". — Pensaram
— Snivy, bom trabalho! Até depois. — Murmurou com voz anasalada.
— Vamos conversar por mensagens até anoitecer. — Cheio de cuidado, limitou-se a sussurrar. — Daí dormimos.
"Estou um passo a frente de você" — Enviou a mensagem. "Do jeito que esse dia foi, ele só acorda de manhã."
"Ainda não sei como entrei nessa roubada".
"Me pergunto todo dia quando acordo e olho pro seu rosto".
"Uma roubada adorável".
"Desde qnd você tá imitando o Matheus?" — Bruna perguntou.
"Uh, parece que é contagioso".
As horas se passavam, com morosidade em demasia, pois aguardaram das dezessete às vinte e duas horas o sono vir. Não era usual dormir tão cedo, mas a preguiça e o pouco movimento tomaram conta de seus estados de espírito. Assim que menos alertas, dormiram tão pesado quanto o nascido em Nacrene.
Feixes finos de luz direto do astro-rei engoliam o ambiente com o rubor na face dos dorminhocos. Oito da manhã e Matheus despertou com a memória bem avivada de cada momento do dia anterior. Permaneceu alguns minutos encarando o teto antes de resolver se mexer de verdade. Episódios depressivos, com cargas variadas de desespero eram frequentes, para não dizer cotidianos.
Pensou ter o disfarce de ego inflado como a máscara perfeita para esconder suas dores, porém, Matheus e Bruna tinham visto o seu pior lado. Sabia que estavam lá, inclusive ouvia os roncos da loira ao lado da cama. Por essa razão, sentiu-se patético e vulnerável. Ah, céus, aquilo não podia estar lhe ocorrendo. Todavia, não haviam mais tal tristeza latente, o que não significava o fim das inseguranças, pelo contrário. Pouco mais de vinte minutos depois, entregou suas forças com o desejo de reagir: sentou-se na beirada da cama.
— Acordou cedo — A voz de Otávio chamou-lhe a atenção. Ele estava com a mesma postura, mas num colchão no piso frio. Por não lhe responder, o loiro temeu a persistência dos sintomas. — Desculpa invadir seu quarto assim... — Tentou puxar assunto.
— Eu ouvi tudo.
— O quê? — Disse Otávio. Bruna pôs-se a revirar seu corpo, acordando por breves instantes, mas sendo chamada a atenção pelo barulho que ambos faziam, quase pulando quando deu-se conta da melhora do amigo.
— Eu ouvi tudo o que vocês disseram. Só não conseguia abrir a boca, ou me mexer.— Parou. — Sei lá... Não importa.
— Sinto muito... — Bruna também se levantou. — Não posso imaginar o que você está sentindo agora, mas quero que saiba... — Pausou. — Que estamos aqui pro que você precisar.
Olhares se voltaram para o rosto afetado  de Matheus, mantendo-se calado. Forçou um sorriso, o qual não conseguiu manter por muito tempo. Outro suspiro. Aderiu ao tom de conformismo nas expressões, recostado na beirada da cama, sem favorecer a visão nem de Bruna ou Otávio, que dormiram em lados opostos do quarto.
— Não queria que vissem isso. Ah... Eu deveria estar chorando agora, mas não consigo sentir nada. Acho que devo umas explicações pra vocês.
— Por que não descansa? Podemos tomar um café... — Otávio sugeriu.
— Francamente, não tenho tempo a perder. Uma parte de mim, eu sei, lá no fundo quer continuar chorando e definhar na cama. Não sei quem ou qual de mim sou eu, mas não tenho lágrimas para chorar. Preciso ir atrás de quem realmente fez isso com minha mãe, não vou me perdoar sabendo que ela ainda pode estar viva enquanto choro. — Os rostos do treinador e coordenadora exibiam mais dúvidas que certezas. Sua voz estava modulada de forma a inspirar confiança, similar a antes, junto de seriedade, contudo, sem precisar forçar. Era como se uma entidade de personalidade a parte tomasse conta de seu corpo.
— Meus pais biológicos morreram num incêndio quando eu ainda era pequeno, ainda tenho memórias vivas, mas Lenora era uma antiga amiga da família. Ela e o Hawes cuidaram de mim. Isso já deve explicar algumas coisas.
— Matheus... Por favor, você não parece muito bem... — Bruna deu prosseguimento ao interrogatório.
— Hmm... Acho que não poderia estar melhor. Talvez um pouco apaixonado por vocês ou... — Arranjou os dedos e estalou-os de cinco em cinco. — Não faça essas caras... Não é pra levar meus flertes tão a sério.. Estou preocupado, de verdade. Só não sei do que seria capaz de fazer se eu visse quem fez isso com minha mãe agora. Minto, eu sei sim: quebrar cada um dos ossos e socar até entortar a cara me parece uma boa ideia, para começar.
— Entendo sua raiva, mas não acho que deva manchar suas mãos com sangue...
— Elas estão sujas a muito tempo, pelo menos com o meu. — Já emendou a frase erguendo sua camisa. Havia um detalhe que talvez não perceberam da última vez, quando trocou a camisa destruída pelos Rufflet.
Não eram feridas causadas pelas aves, superficiais nas costas, sim uma larga e profunda cicatriz transversal no abdômen do moreno. Sua existência apenas não atraiu atenção dos companheiros de viagem porque mudou de costas a ambos, para poupá-los dessa visão. No entanto, não ligava mais para isso. A vergonha do próprio corpo deu lugar a um repentino sentimento de orgulho.
— Foram eles.
— O que quer dizer com isso?
— Dois anos atrás, o museu foi invadido por membros da Team Plasma. Eles roubaram nosso crânio de Dragonite enquanto eu estava sozinho lá dentro. Mandaram um Bisharp me atacar. Perdi muito sangue e estou vivo por um milagre. — De olhos cerrados, abaixou a camisa.
— Você acha que são as mesmas pessoas que fizeram isso com sua mãe? — Questionou Otávio
— Quando minha mãe abdicou do cargo como líder, pensou que isso fosse me proteger. Era a única coisa que estava errada. Não dei importância para algumas coisas que ela dizia, mas aqui estou. Não é o governo, nem a Elite Four ou o campeão que controla Unova. São eles. E quando digo isso... — Olhou com ressentimento para a palma da própria mão. — Falo da Equipe Plasma...
— M... — Seus amigos iriam interrompê-lo, todavia, Castillo não permitiu que começassem.
— Aquilo que disse ontem ainda é algo que acredito. Já repararam que a Elite nunca faz nada? Dois anos atrás, não mexeram um dedo para salvar a gente da destruição. Sou mais confiante quanto aos líderes, mas tenho motivos de sobra para acreditar que há um traidor no meio, ou pelo menos alguém os manipulando, o que duvido muito.
— Isso é impossível! Já viu a Caitlin?! É impossível que alguém como ela esteja envolvido em uma coisa tão cruel.
— Aquela que vai ser jurada nesse Contest de Castelia? A mesma que cruzou os braços quando tentaram usar os dragões preto e branco para destruir nossa terra? — A loira ficou sem ter o que lhe responder.
— Matheus, o que você tá dizendo é loucura...
— Diga por você. Eu te respeito muito, Otávio. Não pensei que fosse encontrar pessoas que fossem ser tão gentis comigo, e sou grato. Só que agora, se alguém tocar um dedo em vocês, eu prometo que rasgo a cara do imbecil. Vocês são tudo que me sobraram. — Encheu-se de lágrimas, as quais não chegaram a ponto de atravessar seu rosto. Porém, visivelmente perturbado. No fundo, ambos acreditavam na versão do garoto. — Por favor, acreditem em mim. — O antebraço trazia sua líquida infelicidade a rodo, de uma única vez.
— Está bem. Vamos atrás de cada um dos membros da Elite e analisá-los um por um, começando por Caitlin. E vamos trazer sua mãe de volta, viva. Certo?
— Adorável, mas não me prometa o que não pode cumprir... — Pela primeira vez em tempos, alargou um sorriso sem graça. — O que acha, Bruna?
— Vocês são malucos. Mas vou fazer o meu melhor. — Também cria em Matheus, era a única explicação que podia encontrar para si diante da eliminação de alguém sem inimigos. Só não admitia para si mesma.
— E guardem segredo. Não confiem em ninguém. Principalmente Marília. Ainda não qual o jogo dela.
— Que tal jornalista? — A coordenadora sugeriu.
— Esse é meu medo... — Riu baixinho.
— Ela não viu nenhuma mensagem. Isso porque disse que responde rápido. — Replicou-o.
— É o menor dos nossos problemas. Tenho umas coisas ainda que preciso falar com vocês. Cês vem comigo?
— Para onde vamos?
— Sem pressa. Isso se você e sua namorada deixarem o quarto para eu poder tomar um banho. A não ser que queiram v...
— Pelo amor de Deus, não precisa dizer duas vezes. A gente já vai se arrumar. Lá em baixo em 30 minutos? — Bruna puxou Otávio para fora do quarto, um pouco bagunçado com o amontoado que aquilo se tornara, visto sua superlotação.
— Ok, ok.
Pouco antes do horário marcado bater, os de Nuvema esperavam no café anexo ao centro Pokémon, também arrumados. Ambos trocavam mensagens de confidências, o assunto era obviamente a mudança repentina de comportamento do seu amigo, da água para o vinho. Isso os deixaria assustados se não fosse ao mesmo tempo tão trágico.
"Oq acha que aconteceu com ele?"
"Não sei... Acho que já li sobre essas coisas nos livros do laboratório, sei que gente surtando assim era comum há uns vinte anos. Mas a gente não tem muitos livros falando sobre a guerra".
"Vc escreve como se fosse a coisa mais normal".
"Já pensei em tanta coisa... O que ele diz cada vez faz mais sentido. A gente devia confiar nele. Ele precisa da gente agora. E você devia saber de sla, qlqr coisa, foi Kanto que começou isso".
"Me tira dessa. Eu nem fui pra lá porque quis".
"Ele chegou". 
 Matheus entrou pelo salão principal com sua melhor roupa e mais alinhado que o normal, não a ponto de ser formal, mas até seu guarda-roupas parecia ter mudado. A coordenadora se controlou para não bater com o queixo com o visual do outro. Mesmo Otávio não se conteve para expressar admiração, assim como todos os outros presentes, cuja maioria era familiarizada consigo. De maneiras inecompreensíveis, tornava uma jaqueta preta com camisa de simples estampa branca em algo paranormal.
— Podemos ir? — Retirou os óculos escuros, de pé na frente dos dois.
— Ãhn... Sim, sim. — Sincronizados, assentiram, voltando para a realidade.
— Bom, bom. Estão bonitos, gostei das roupas. — Devolveu-lhes com sincera simpatia. — Principalmente a saia, Bruna.
— Obrigado(a)..
— Não vai nos dizer mesmo onde estamos indo? — Dessa vez, Bruna rompeu com as falas combinadas com o parceiro, repetindo a pergunta de antes.
— Pra um beco escuro, tirar seus órgãos com uma faquinha de manteiga pra eu vender.
— Oh... Parece interessante.
O comentário de Castillo não estava errado num todo. Era de fato uma parte com becos escuros de Nacrene. Parou de liderá-los assim que se aproximaram de um barzinho não muito iluminado. Bruna entendeu de cara e seu coração até se aqueceu ao ler o letreiro. Otávio, por outro lado, que nunca esteve em Kanto, Johto, Hoenn ou mesmo Sinnoh, não era capaz de entender uma sílaba, talvez arriscaria um chute se fosse o dialeto de Kalos, apenas aguardava respostas.
— Um karaokê!
— É meu lugar favorito da cidade. Faz tempo que não venho aqui...
— Não pensei que estivesse tão animado. É bom ouvir isso. — Disse Otávio.
— Nem tanto. Já me senti assim. Aconteceu uma ou duas vezes. Parece que não estou no meu corpo, tenho coragem para fazer tudo que quiser. Quando acordo no dia seguinte, tudo volta ao normal. Já fiquei esquentado por não saber quem sou eu de verdade, esse ou aquele. Cheguei a conclusão que isso não importa, sabe? — Não havia como sentir pena de Matheus no momento. A voz constante e firme encorajava-os, ele definitivamente sabia o que estava fazendo.
— Eu... acho que sinto muito. Na verdade, contanto que isso não seja um problema para você... De toda forma, não vamos sair do seu lado.
— Não sinta. Quando esse eu voltar a dormir amanhã, quero lembrar de cada segundo. Só por hoje, me ajudem a esquecer? — Os dois se olharam, contentes, balançando a cabeça em mútua confirmação.
— Vamos!
Dentro do estabelecimento, a penumbra era derrotada pelas luzes extravagantes roxo e azuis piscantes. Diferente dos karokês de Castelia, esse em especial cobrava por hora dentro de salas a prova de som. Mesmo o mais tímido entre eles não teria que se preocupar com desconhecidos.
— Bom, vadias, farei a questão de começar para ensinar como se faz, se não se importarem.
O trio perdeu a noção do tempo, passando o restante da manhã e início da tarde ali, descobrindo lados e gostos uns dos outros que não imaginavam existirem. Matheus podia dizer com plena segurança que nunca se divertira tanto em sua vida. Otávio reclamar de músicas que apenas Bruna e Castillo entendiam a letra se tornou praticamente uma piada recorrente, a ponto de escolherem essas canções apenas para irritar o loiro. O dia foi se passando até todos retornarem, sem voz, para suas acomodações, onde continuariam a festinha.
[...]
Na manhã seguinte, um misto de euforia e alívio tomou o corpo de Matheus ao despertar. As lembranças irrigavam seu sangue quente com as sensações do dia mais intenso de sua existência simplória. Justamente o que não ocorrera em anos, passou-lhe diante das pupilas frágeis em quarenta e oito horas.
"...Finalmente". — Pensou, ao perceber que estava novamente sobre controle de si, sem deixar de cumprimentar-se com um sorriso de plenitude.
Estava tudo bem.
"Querido diário,
escrevo porque não quero esquecer das memórias desse dia, mas como é que vou me esquecer de Otávio e Matheus, louquíssimos, cantando Bad Romance juntos?
[...]"
- Bruna
© 2011-2019 PDSML ™®, All Rights Reserved. Não copie sem autorização de Minhocafrita. Todo o Conteúdo copiado têm seus devidos créditos.