Temporada 01 - Episódio 03: "A hora e a vez de Matheus Castillo" | Localização: Rota 02
O dia anterior havia sido repleto de surpresas, bem agitado para um primeiro dia de jornada. Após passarem o resto da tarde tomando café, Otávio e Bruna decidiram se acomodar no Centro Pokémon da cidade, onde passaram uma noite tranquila, na ansiosa espera de um amanhecer tranquilo. Não havia tempo a perder: a aspirante à Top Coordenadora teria sua estreia do torneio muito em breve, com a inauguração dos contests de Unova na cidade de Castelia.
— Otávio, por favor, acorde! — Bruna invadiu o pequeno cômodo que o centro Pokémon ofereceu a seu amigo, aproveitando para balançar seu corpo sonolento.
— O que foi?... Só mais cinco minutos, por favor... — Irritadiço, o loiro deu as costas para Bruna e voltou a se cobrir.
— Não dessa vez. — A garota trouxe Zorua em seus braços, que pulou na cama e não deu paz para o treinador.
— Está bem, está bem! Só me dá um tempo para eu tomar um banho. — O pokémon raposa pulou dos lençóis no mesmo momento que Otávio fez um movimento abrupto. Bruna colocou um sorriso no rosto.
[...]
Uma hora depois
[...]
— Todo esse tempo para a princesa se arrumar?
— Me dá um tempo, dormi muito mal nessa noite.
— Pelo que sua mãe me falou, você é assim sempre. — Interrompendo a caminhada lenta, Bruna deu alguns passos para frente e demonstrou simpatia de maneira debochada.
— Eu adoraria ter uma longa conversa com seus pais, de preferência ver que tipo de coisa eles tem a me dizer sobre você. — O loiro apressou o passo, ultrapassando a garota, que tentou fazer o mesmo.
— Você nem ouse!
[...]
Passados alguns minutos, na entrada na entrada da Rota 02:
[...]
— Você poderia reclamar menos e me agradecer, o dia está lindo!
— Não lembrava de você ser tão barulhenta. — Otávio riu baixinho, emendando com a imitação da companheira: — Vamos... Pensamento positivo, vai dar tudo bem! — Inclusive amansando a voz.
— Desde quando eu falo assim?
— Por onde começo? Pela peça que você fez jardim da infância ou...? — Zorua dava risadinhas de hiena, até porque sabia que não se tratava de uma discussão séria.
Farfalhadas próximo aos dois chamaram a atenção do pokémon raposa, dirigindo suas orelhas à direita. O som ficava mais forte de forma a fazer Bruna e Otávio olharem um ao outro, intrigados, a espera de alguma resposta. Não tardaria a um garoto com provavelmente a mesma idade de ambos, jogar-se em cima de ambos em anticlímax. Logo atrás, um pokémon de penas vermelhas, brancas e azul-acinzentadas atravessou em rasante a cabeça do desconhecido, puxando seu cabelo e arranhando o lado esquerdo de sua face. Ficou claro que se tratava de fuga. Os três permaneceram no chão.
— AI, AI!
O corpo dos viajantes, de costas amassadas pelo forasteiro ferido, não sofreram danos, porém, não deixava de ser uma posição desconfortável. Bruna, para não dizer que não anotou a placa do carro que passou, puxou a Pokédex do bolso e se prontificou a identificar o Pokémon.
— Ah, foi mal... — Apoiando os braços na grama, sem tocar mais em nenhum dos "acidentados", levantou-se de prontidão, oferecendo-lhes sua mão. — Matheus, a propósito. Prazer.
Moreno, alto, sorriso largo, risada apaixonante e, apesar da cicatriz que escorria algumas gotas de sangue, ridiculamente fotogênico. Alguma coisa em seu bom-humor os impedira de com ele se chatear.
— Bruna. — Sem estremecer a fala, estendeu-lhe o braço.
— Otávio — Gaguejou, também aceitando sua ajuda.
— Isso não devia ter acontecido... — Pouco ofegante, desviou a visão para o sentido que o Pokémon voou em direção.
— Estava atrás daquele Rufflet? — Tirando a poeira do próprio vestido, Bruna tomou a fala.
— Eu não capturo Pokémon do tipo voador, ou normal, ou de nenhum outro tipo que não seja fantasma. Quero ser um líder de ginásio, um dia! E substituir minha mentora. — A despeito de despertar-lhes curiosidade, seu desajeitamento os deixou com requintes de credulidade.
— Você é treinador do tipo fantasma? — Otávio indagou surpreso.
— Sim!
— Já que você não viu primeiro... Eu vou atrás daquele Pokémon!
— Você está louco? Viu o que ele fez com o rosto dele?
— Não ficou tão ruim assim, vai... — Manteve-se de sorriso aberto.
— Bruna, vem logo. — Hesitou por um momento — Você pode vir também, acho... — Puxou-a pela mão esquerda. Zorua acompanhava pelo chão.
[...]
— Você vive por aqui? — A aceitar sem muito questionar o companheiro, a coordenadora, moderadamente atrás dos outros dois, insistia puxando conversa.
— Sou de Nacrene, duas cidades daqui. Costumo vir aqui de vez em quando.
— E você já tem um time completo? — O outro retrucou.
— Para ser sincero... Só tenho um Pokémon. — Otávio e Bruna não sabiam distinguir se Matheus ria então sinceramente ou de desespero. Nesse momento, da pokébola do garoto saltou, não pela vontade do treinador, uma criatura branca e fantasmagórica, porém graciosa, aos braços do aspirante à líder.
— Litwick... você é pesado... — Tentou prosseguir com o mesmo ritmo, todavia, naquele passou, acabou ficando para trás, junto da recém-conhecida. Apesar do tamanho, sua criatura pesava mais que três sacos de arroz.
— Litwick? Eu nunca ouvi falar... — O treinador estranhou, afinal, tratava-se de um Pokémon nativo bem conhecido e documentado.
— Sou sim, mas vivi a maior parte da vida em Kanto. — Não era difícil se alegrar com a energia do moreno. Otávio ergueu-se de contraponto:
— Vocês vão mesmo ficar nessa melosidade comigo aqui? — O desconforto se mostrava presente em sua fala, passivo-agressivo.
— Ah, é o que tem pra hoje, não? — Bruna nem ligou. Para ser sincera, com o início de sua jornada, nunca se sentira tão livre.
— Relaxa, Tavinho... Eu sei que sou tentador... — Aumentou a velocidade, retornando para perto de Otávio, que corou com a intromissão alheia. — Posso fazer muito mais, se quiserem.
"Que di... Que tipo de pervertido...? Ele fala sério?"
— Eu não sei o que dizer, apenas sentir. mas se lhe serve de consolo. Te acho extremamente sociável.
— Me sinto honrado. — Assentiu.
— Otávio, ali! — A mais velha apontou para um rochedo, no extremo montanhoso da rota. Lá estava Rufflet, observando raivoso e estático.
— Zorua! — O Pokémon posicionou-se em frente do treinador, de prontidão a um primeiro golpe.
Ironicamente, o adversário ergueu as asas. Detrás de si, uma revoada da sua espécie
— F... — Diante de sua boca, a palavra que lhe correu a mente travou. O loiro engoliu seco.
— Corre... — No desespero, Zorua saltou na mochila de Matheus, antes do próprio concluir a sentença.
Parecia uma sentença de filme, um Pyroar expulso da pedra do rei aos chutes... e bicadas. Seria cômico não fosse trágico. Os gritos dos três ecoavam, enquanto o pokémon sombrio se escondia confortavelmente na bolsa esverdeada do, cabelos puxados, roupas puxadas e dezenas de sobrevoos com rasantes sobre suas cabeças. Ironicamente, apenas a camisa do aspirante a líder foi danificada, deixando buracos nas costas e laterais, abrangendo parte da frente.
Na mesma posição que se conheceram, no chão, após o passar dos Rufflet, Matheus não tinha nem chances para se levantar, tamanha a surra que levara. Bruna, apesar de apenas ter sido levemente bicada, queria permanecer virada para o solo, para não ter que aguentar mais furada alguma que o amigo fosse metê-la. Otávio apenas fazia muito drama. O perseguido, obviamente ele, pousou na frente de nosso protagonista, grasnando em deboche, mostrando suas penugens enquanto ria.
— Otávio, por favor, acorde! — Bruna invadiu o pequeno cômodo que o centro Pokémon ofereceu a seu amigo, aproveitando para balançar seu corpo sonolento.
— O que foi?... Só mais cinco minutos, por favor... — Irritadiço, o loiro deu as costas para Bruna e voltou a se cobrir.
— Não dessa vez. — A garota trouxe Zorua em seus braços, que pulou na cama e não deu paz para o treinador.
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Uma hora depois
[...]
— Todo esse tempo para a princesa se arrumar?
— Me dá um tempo, dormi muito mal nessa noite.
— Pelo que sua mãe me falou, você é assim sempre. — Interrompendo a caminhada lenta, Bruna deu alguns passos para frente e demonstrou simpatia de maneira debochada.
— Eu adoraria ter uma longa conversa com seus pais, de preferência ver que tipo de coisa eles tem a me dizer sobre você. — O loiro apressou o passo, ultrapassando a garota, que tentou fazer o mesmo.
— Você nem ouse!
[...]
Passados alguns minutos, na entrada na entrada da Rota 02:
[...]
— Você poderia reclamar menos e me agradecer, o dia está lindo!
— Não lembrava de você ser tão barulhenta. — Otávio riu baixinho, emendando com a imitação da companheira: — Vamos... Pensamento positivo, vai dar tudo bem! — Inclusive amansando a voz.
— Desde quando eu falo assim?
— Por onde começo? Pela peça que você fez jardim da infância ou...? — Zorua dava risadinhas de hiena, até porque sabia que não se tratava de uma discussão séria.
Farfalhadas próximo aos dois chamaram a atenção do pokémon raposa, dirigindo suas orelhas à direita. O som ficava mais forte de forma a fazer Bruna e Otávio olharem um ao outro, intrigados, a espera de alguma resposta. Não tardaria a um garoto com provavelmente a mesma idade de ambos, jogar-se em cima de ambos em anticlímax. Logo atrás, um pokémon de penas vermelhas, brancas e azul-acinzentadas atravessou em rasante a cabeça do desconhecido, puxando seu cabelo e arranhando o lado esquerdo de sua face. Ficou claro que se tratava de fuga. Os três permaneceram no chão.
— AI, AI!
O corpo dos viajantes, de costas amassadas pelo forasteiro ferido, não sofreram danos, porém, não deixava de ser uma posição desconfortável. Bruna, para não dizer que não anotou a placa do carro que passou, puxou a Pokédex do bolso e se prontificou a identificar o Pokémon.
"Rufflet, o Pokémon águia-jovem. Não importa quão grande seja o oponente, Rufflet irá o enfrentar sem medo. Os filhotes, após atingirem certa idade, desafiam seus pais com intuito de ganhar sua aceitação".
— Então... Quer ficar pro jantar? — O loiro ironizou, de bom humor, a permanência do outro em cima deles.— Ah, foi mal... — Apoiando os braços na grama, sem tocar mais em nenhum dos "acidentados", levantou-se de prontidão, oferecendo-lhes sua mão. — Matheus, a propósito. Prazer.
Moreno, alto, sorriso largo, risada apaixonante e, apesar da cicatriz que escorria algumas gotas de sangue, ridiculamente fotogênico. Alguma coisa em seu bom-humor os impedira de com ele se chatear.
— Bruna. — Sem estremecer a fala, estendeu-lhe o braço.
— Otávio — Gaguejou, também aceitando sua ajuda.
— Isso não devia ter acontecido... — Pouco ofegante, desviou a visão para o sentido que o Pokémon voou em direção.
— Estava atrás daquele Rufflet? — Tirando a poeira do próprio vestido, Bruna tomou a fala.
— Eu não capturo Pokémon do tipo voador, ou normal, ou de nenhum outro tipo que não seja fantasma. Quero ser um líder de ginásio, um dia! E substituir minha mentora. — A despeito de despertar-lhes curiosidade, seu desajeitamento os deixou com requintes de credulidade.
— Você é treinador do tipo fantasma? — Otávio indagou surpreso.
— Sim!
— Já que você não viu primeiro... Eu vou atrás daquele Pokémon!
— Você está louco? Viu o que ele fez com o rosto dele?
— Não ficou tão ruim assim, vai... — Manteve-se de sorriso aberto.
— Bruna, vem logo. — Hesitou por um momento — Você pode vir também, acho... — Puxou-a pela mão esquerda. Zorua acompanhava pelo chão.
[...]
— Você vive por aqui? — A aceitar sem muito questionar o companheiro, a coordenadora, moderadamente atrás dos outros dois, insistia puxando conversa.
— Sou de Nacrene, duas cidades daqui. Costumo vir aqui de vez em quando.
— E você já tem um time completo? — O outro retrucou.
— Para ser sincero... Só tenho um Pokémon. — Otávio e Bruna não sabiam distinguir se Matheus ria então sinceramente ou de desespero. Nesse momento, da pokébola do garoto saltou, não pela vontade do treinador, uma criatura branca e fantasmagórica, porém graciosa, aos braços do aspirante à líder.
— Litwick... você é pesado... — Tentou prosseguir com o mesmo ritmo, todavia, naquele passou, acabou ficando para trás, junto da recém-conhecida. Apesar do tamanho, sua criatura pesava mais que três sacos de arroz.
— Litwick? Eu nunca ouvi falar... — O treinador estranhou, afinal, tratava-se de um Pokémon nativo bem conhecido e documentado.
"Litwick, o Pokémon vela. Usando de sua luz para passar-se por guia de viajantes e pokémon perdidos, Litwick na verdade está drenando suas vidas à medida que alimenta suas chamas e os conduz ao mundo fantasma."
— Você não é daqui, não? — Sua serenidade foi substituída pela respiração descompassada, enquanto retornava o companheiro à Pokébola. "Lit!"— Sou sim, mas vivi a maior parte da vida em Kanto. — Não era difícil se alegrar com a energia do moreno. Otávio ergueu-se de contraponto:
— Vocês vão mesmo ficar nessa melosidade comigo aqui? — O desconforto se mostrava presente em sua fala, passivo-agressivo.
— Ah, é o que tem pra hoje, não? — Bruna nem ligou. Para ser sincera, com o início de sua jornada, nunca se sentira tão livre.
— Relaxa, Tavinho... Eu sei que sou tentador... — Aumentou a velocidade, retornando para perto de Otávio, que corou com a intromissão alheia. — Posso fazer muito mais, se quiserem.
"Que di... Que tipo de pervertido...? Ele fala sério?"
— Eu não sei o que dizer, apenas sentir. mas se lhe serve de consolo. Te acho extremamente sociável.
— Me sinto honrado. — Assentiu.
— Otávio, ali! — A mais velha apontou para um rochedo, no extremo montanhoso da rota. Lá estava Rufflet, observando raivoso e estático.
— Zorua! — O Pokémon posicionou-se em frente do treinador, de prontidão a um primeiro golpe.
Ironicamente, o adversário ergueu as asas. Detrás de si, uma revoada da sua espécie
— F... — Diante de sua boca, a palavra que lhe correu a mente travou. O loiro engoliu seco.
— Corre... — No desespero, Zorua saltou na mochila de Matheus, antes do próprio concluir a sentença.
Parecia uma sentença de filme, um Pyroar expulso da pedra do rei aos chutes... e bicadas. Seria cômico não fosse trágico. Os gritos dos três ecoavam, enquanto o pokémon sombrio se escondia confortavelmente na bolsa esverdeada do, cabelos puxados, roupas puxadas e dezenas de sobrevoos com rasantes sobre suas cabeças. Ironicamente, apenas a camisa do aspirante a líder foi danificada, deixando buracos nas costas e laterais, abrangendo parte da frente.
Na mesma posição que se conheceram, no chão, após o passar dos Rufflet, Matheus não tinha nem chances para se levantar, tamanha a surra que levara. Bruna, apesar de apenas ter sido levemente bicada, queria permanecer virada para o solo, para não ter que aguentar mais furada alguma que o amigo fosse metê-la. Otávio apenas fazia muito drama. O perseguido, obviamente ele, pousou na frente de nosso protagonista, grasnando em deboche, mostrando suas penugens enquanto ria.
Quid pro quo.
Matheus sentiu um movimentar estranho em sua mochila. Sabia que o pokémon do colega se escondera ali, mas não tinha forças para tirar a cara arrastada na terra dali. Suas orelhas felpudas e bem afiadas o ajudaram na tarefa de reconhecer a localização exata do adversário sem nem mesmo vê-lo. Zorua forçou-se ao exterior, preparando uma Shadow Ball. Os três se deram conta assim que ouviram um estrondo.
A ave de rapina desapareceu numa nuvem de fumaça. Otávio ergueu uma Pokébola, tentando se reerguer com o cotovelo. Bruna fez esforço para ver a cena, apesar de sua preguiça, observar a garra e força de Zorua a enchia de determinação. O outro garoto permanecia no chão, imóvel. Apesar do empenho, o loiro não era capaz de dar ordens ao Pokémon, que agia por conta própria.
Um grito esganiçado acompanhado de um rugido se aproximava.
Em torno de seu eixo, o tronco de Zorua dava voltas e mais voltas, abocanhando o Rufflet, ainda com muita energia, arrastado à Pokébola do treinador, que só acreditou quando sentiu a cápsula ser aberta.
— Zorua! — Retirando forças sabe-se-lá-de-onde, Bruna ergueu-se e puxou Otávio no ato, junto com a Pokébola, que escorregou ao chão, rodopiando conforme a captura ainda não era finalizada.
E parou.
— Puta merda, eu não acredito nisso. Zorua, como você...? — A reação não poderia ser diferente, algo em especial na criatura, além do seu pelo azulado, aguçava a curiosidade dos presentes, decerto sua inteligência acima do normal.
O Pokémon assentiu e sacudiu a poeira.
— Ãhn... Ai... — De uma vez, Matheus flexionou os músculos e se ajoelhou, todo dolorido e de vestes estrupiadas.
— Minha primeira captura! Eu não sei nem como agradecer. — Pegou o Pokémon para perto de si e o apertou em seus braços, o qual não se mostrou nem um pouco escorregadio, mas receptivo.
— É né, só que Zorua fez todo o trabalho sujo. — Retirou a camisa rasgada, procurando uma nova na mochila, dobrando-a, ainda que destruída, e trocando por uma preta, com uma garota pendurada em um Chadelure. Contudo, sua ação foi tão rápida que não deu espaço de tempo para que Bruna ou Otávio percebessem detalhes importantes em seu abdômen.
— Você é algum fã de música ou...? — O coração de Otávio bateu mais forte e a boca secou, talvez uma ponta de preocupação pela companheira, que perguntou.
— Meh... Um pouco, mas prefiro fantasmas. E pessoas determinadas. —Percebeu uma ponta de ciúme no outro, não hesitando em responder a altura, deixando o treinador envergonhado.
— Isso foi uma indireta ou...? — Disse o loiro.
— Entenda como quiser
— Bem, eu estou morta.
— E eu preciso de um banho.
— Vamos seguir reto para Striaton logo. Me lembre de nunca mais de cair nas suas. — Foi a primeira a ficar de pé, estendendo o braço um de cada vez.
— Obrigado. Muito melhor. — Engoliu seco, o estalo dos ossos do moreno podiam ser escutados por todos.
[...]
Bela e pacata, a tranquila Castelia dava boas vindas para os três aventureiros, que foram direto ao centro pokémon no início da cidade. Mesmo a mancar, Matheus tentava não transparecer a surra que tomara de meia dúzia de pombos. A conversa seguia engatada e amistosa e, Otávio já parecia se afeiçoar mais ao recém-chegado, apesar de ainda achá-lo estranho.
— Vou alugar os quartos, depois damos uma volta. Eu lembro que a noite é linda pelo observatório daqui. — Afirmou a coordenadora.
— Tem certeza que ninguém quer dividir quarto comigo? — Brincou.
— Hmm... Enquanto eu estiver lúcida, acho que não
— Pois é, fica para uma próxima... Vida. — Mesmo Otávio já entrava na brincadeira.
— Vamos lá? Seus Pokémon já devem estar restaurados, Otávio.
— Certo!
No prédio anexo, especificamente abaixo, ficava a enfermaria, pokémart e cafeteria. A atendente do Centro Pokémon, Ms. Joy acenou de modo tímido, o mais novo acelerou o passo, dirigindo-se ao balcão.
— Enfermeira Joy!
— Otávio? Aqui estão Zorua e Rufflet. Indo pra Castelia, certo? Boa sorte na sua batalha!
— Obrigado. Boa tarde!
Algumas preocupações pairavam seu imaginário, devido ter acompanhado as pesquisas de sua mãe desde sempre, como a possibilidade do Pokémon voador demonstrar desprezo, falta de sintonia e não acatar suas instruções. Entretanto, arraigou um sorriso, seguindo em frente.
— Já acabou? Foi rápido. — Bruna suspirou inspirada.
— Vamos indo? Tô morrendo de fome... — O moreno reclamou.
O trio partiu pela cidadezinha sem rumo, como se todos se conhecessem desde a infância sem nunca terem se separado. Mesmo o "intruso" dava um novo ar para a dinâmica do grupo. Entardecia e não se deram conta até o Sol ser bem visível nos cantos limítrofes do horizonte, quando Bruna os encaminhou ao ponto mais alto da cidade: o mirante.
— É igual como me lembrava.
— É bonito, e assustador. — Replicou Otávio, em suspiro.
— Posso ver Nacrene daqui. Não faz muito tempo, mas já sinto saudades, sabe?
— Sabe, Matheus. Acho que posso me acostumar com sua companhia, desde que você cuide bem do Otávio.
— Vai ser uma honra, senhorita. — Continuou, em tom irônico.
— Que diabos? Vão mesmo me tratar igual pet de vocês?
— Pelo menos enquanto eu tentar te adestrar. — A garota riu.
— Matheus, eu só não te esmago agora porque você ainda não tem um ginásio.
— Vocês vão ver. Minha hora e vez vai chegar, nem que na bicada.
— Quem sabe quando deixar de ser pervertido?
— O que posso fazer se sou irresistível? — Segurou a mão de ambos, alisando-as em cima do mirante com a sinistra e a destra, enquanto apreciava o início da noite, posicionado entre os dois. Naquele instante, o garoto teve a impressão que, literalmente, uma estrela a mais ascendeu aos céus.
Um grito esganiçado acompanhado de um rugido se aproximava.
Em torno de seu eixo, o tronco de Zorua dava voltas e mais voltas, abocanhando o Rufflet, ainda com muita energia, arrastado à Pokébola do treinador, que só acreditou quando sentiu a cápsula ser aberta.
— Zorua! — Retirando forças sabe-se-lá-de-onde, Bruna ergueu-se e puxou Otávio no ato, junto com a Pokébola, que escorregou ao chão, rodopiando conforme a captura ainda não era finalizada.
E parou.
— Puta merda, eu não acredito nisso. Zorua, como você...? — A reação não poderia ser diferente, algo em especial na criatura, além do seu pelo azulado, aguçava a curiosidade dos presentes, decerto sua inteligência acima do normal.
O Pokémon assentiu e sacudiu a poeira.
— Ãhn... Ai... — De uma vez, Matheus flexionou os músculos e se ajoelhou, todo dolorido e de vestes estrupiadas.
— Minha primeira captura! Eu não sei nem como agradecer. — Pegou o Pokémon para perto de si e o apertou em seus braços, o qual não se mostrou nem um pouco escorregadio, mas receptivo.
— É né, só que Zorua fez todo o trabalho sujo. — Retirou a camisa rasgada, procurando uma nova na mochila, dobrando-a, ainda que destruída, e trocando por uma preta, com uma garota pendurada em um Chadelure. Contudo, sua ação foi tão rápida que não deu espaço de tempo para que Bruna ou Otávio percebessem detalhes importantes em seu abdômen.
— Você é algum fã de música ou...? — O coração de Otávio bateu mais forte e a boca secou, talvez uma ponta de preocupação pela companheira, que perguntou.
— Meh... Um pouco, mas prefiro fantasmas. E pessoas determinadas. —Percebeu uma ponta de ciúme no outro, não hesitando em responder a altura, deixando o treinador envergonhado.
— Isso foi uma indireta ou...? — Disse o loiro.
— Entenda como quiser
— Bem, eu estou morta.
— E eu preciso de um banho.
— Vamos seguir reto para Striaton logo. Me lembre de nunca mais de cair nas suas. — Foi a primeira a ficar de pé, estendendo o braço um de cada vez.
— Obrigado. Muito melhor. — Engoliu seco, o estalo dos ossos do moreno podiam ser escutados por todos.
[...]
Bela e pacata, a tranquila Castelia dava boas vindas para os três aventureiros, que foram direto ao centro pokémon no início da cidade. Mesmo a mancar, Matheus tentava não transparecer a surra que tomara de meia dúzia de pombos. A conversa seguia engatada e amistosa e, Otávio já parecia se afeiçoar mais ao recém-chegado, apesar de ainda achá-lo estranho.
— Vou alugar os quartos, depois damos uma volta. Eu lembro que a noite é linda pelo observatório daqui. — Afirmou a coordenadora.
— Tem certeza que ninguém quer dividir quarto comigo? — Brincou.
— Hmm... Enquanto eu estiver lúcida, acho que não
— Pois é, fica para uma próxima... Vida. — Mesmo Otávio já entrava na brincadeira.
— Vamos lá? Seus Pokémon já devem estar restaurados, Otávio.
— Certo!
No prédio anexo, especificamente abaixo, ficava a enfermaria, pokémart e cafeteria. A atendente do Centro Pokémon, Ms. Joy acenou de modo tímido, o mais novo acelerou o passo, dirigindo-se ao balcão.
— Enfermeira Joy!
— Otávio? Aqui estão Zorua e Rufflet. Indo pra Castelia, certo? Boa sorte na sua batalha!
— Obrigado. Boa tarde!
Algumas preocupações pairavam seu imaginário, devido ter acompanhado as pesquisas de sua mãe desde sempre, como a possibilidade do Pokémon voador demonstrar desprezo, falta de sintonia e não acatar suas instruções. Entretanto, arraigou um sorriso, seguindo em frente.
— Já acabou? Foi rápido. — Bruna suspirou inspirada.
— Vamos indo? Tô morrendo de fome... — O moreno reclamou.
O trio partiu pela cidadezinha sem rumo, como se todos se conhecessem desde a infância sem nunca terem se separado. Mesmo o "intruso" dava um novo ar para a dinâmica do grupo. Entardecia e não se deram conta até o Sol ser bem visível nos cantos limítrofes do horizonte, quando Bruna os encaminhou ao ponto mais alto da cidade: o mirante.
— É igual como me lembrava.
— É bonito, e assustador. — Replicou Otávio, em suspiro.
— Posso ver Nacrene daqui. Não faz muito tempo, mas já sinto saudades, sabe?
— Sabe, Matheus. Acho que posso me acostumar com sua companhia, desde que você cuide bem do Otávio.
— Vai ser uma honra, senhorita. — Continuou, em tom irônico.
— Que diabos? Vão mesmo me tratar igual pet de vocês?
— Pelo menos enquanto eu tentar te adestrar. — A garota riu.
— Matheus, eu só não te esmago agora porque você ainda não tem um ginásio.
— Vocês vão ver. Minha hora e vez vai chegar, nem que na bicada.
— Quem sabe quando deixar de ser pervertido?
— O que posso fazer se sou irresistível? — Segurou a mão de ambos, alisando-as em cima do mirante com a sinistra e a destra, enquanto apreciava o início da noite, posicionado entre os dois. Naquele instante, o garoto teve a impressão que, literalmente, uma estrela a mais ascendeu aos céus.
"Não sei se um dia poderei te agradecer propriamente,
ou se minhas palavras poderão te alcançar,
mas agora eu sei, Mãe:
Eu não estou mais sozinho."
- Matheus
ou se minhas palavras poderão te alcançar,
mas agora eu sei, Mãe:
Eu não estou mais sozinho."
- Matheus